Maternidade: experiência para toda a vida

Lazer para crescer e aprender

Feriadão no Ceará e nós pelo terceiro dia consecutivos enfurnados dentro de casa. Não por opção (pelo menos desta vez), mas porque o bendito molar da Mirela (o segundo) resolveu sair e trouxe de presente muita manha, mau humor e nariz escorrendo.

Neste feriadão não teve banho de mar, brincadeira na areia da praia, pipoca na pracinha, não teve manhã no parquinho, almoço no shopping, não teve cultinho na igreja. No máximo visitinhas na casa dos avós, todos morando perto de nós. Além de muito colo e tentativas criativas e desesperadas dos pais em fazer Mirela curtir o “ficar em casa a força”: papai Ju enfim fez aquele banquinho de garrafas pet que há tempos entulhavam o quintal; a mamãe aqui criou uma cabaninha dentro do guarda roupas, enfim…Haja criatividade!

Com toda essa situação forçada, ontem, eu e Papai Ju, ambos de saco cheio de ficar em casa (se nós estávamos, imagina Mirela!) conversamos e fizemos uma reflexão séria que nos levou à seguinte conclusão: PROPORCIONAR LAZER É UMA RESPONSABILIDADE QUE NÓS PAIS TEMOS QUE TOMAR COMO PARTE DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA, E NÃO APENAS COMO UMA ALTERNATIVA AO ÓCIO.

A reflexão se deu quando começamos a nos lembrar de como nós (eu e ele) somos caseiros. Desde que casamos, dávamos um boi para não sair de casa, principalmente quando morávamos em nosso primeiro apartamento, longe de tudo e de todos, no quarto andar de escadas. Dava preguiça só de pensar em descer, que dirá atravessar a cidade para algumas poucas horas de diversão (e subir as escadas na volta, rsrsrs). Criávamos nossas próprias alternativas caseiras, como filmes com muita pipoca no chão da sala, camarões fritos em nossa própria cozinha, receber amigos, enfim… Mesmo de pois que mudamos para esta casa, perto de tudo do bom e do melhor, continuamos cultivando o “curtir o lar”, agora com a desculpa de querer curtir a casa nova e, logo, logo, por causa da gravidez.

Em seguida, chegou Mirela, e as desculpas só aumentaram: no início, presamos em não sair com Mirela muito pequena, poupando-a de situações desnecessárias para um bebê recém nascido, mas mesmo depois de crescida e completamente vacinada, veio a minha condição de depressão e aí, não sair de casa passou a ser rotina mesmo e daí em diante, um grande problema, pois ambos sabíamos da importância em proporcionar a ela momentos de lazer fora de casa, mas eu sempre relutante ou indo a força, quase chorando.

Coincidência ou não, conscientes ou não, fizemos de nossa casa um verdadeiro playground para Mirela, e hoje penso que pode ter sido uma maneira inconsciente de mantermos nossa família dentro de casa. Adoramos receber os amiguinhos e priminhos de Mirela e sabemos que ela adora isso também, mas não tem nada melhor do que pular no pula-pula da pracinha, mesmo tendo o seu próprio em casa, nada melhor do que comer um saco de pipocas feitas no carrinho do pipoqueiro mesmo tendo a pipoca feita em casa pela mamãe no fogão de casa, nada melhor do que vestir o avental sujinho da oficina de pintura no parque, ainda que em casa tenha sempre avental e pinceis limpos à sua disposição…

Em 2 anos e 3 meses da vida de Mirela, nunca viajamos de avião com ela; nem de ônibus, nem de carro; melhor dizer, nunca viajamos. Mirela não conhece os animais da fazenda do Y-Park, nem os animais do zoológico, nem o parque aquático do qual moramos tão perto, nunca fez piquenique no Passeio Público ou no Parque das Crianças, não conhece o nosso hotel de praia favorito, nem o friozinho da serra, nem o calçadão da praia de Iracema onde tanto caminhamos de mãos dadas quando namorávamos… É muito duro admitir isto, beirando uma crueldade…

Fazendo esta reflexão, eu e papai Ju concluímos que precisamos mudar. Não para satisfazer as nossas vontades, mas para atender às necessidades de Mirela. Crianças precisam conhecer o mundo, mesmo que tenham um mundo dentro de casa. Através de experiências de lazer em família, muitos laços podem ser construídos e muitas barreiras desfeitas. Em breve, Mirela terá férias da escola e quero que ela tenha muito o que compartilhar com seus amiguinhos.

Esse clarão de consciência mexe comigo num momento em que estou em processo de cura da depressão e, concluo também que se começo a ficar entediada de ficar em casa, é um bom sinal de evolução. Mas, mais importante do que isso, é ter a consciência da importância que nós pais temos em proporcionar experiências diversas aos nossos filhos, incluindo os momentos de lazer. Não se trata de gastar dinheiro, ir para resorts, fazer viagens internacionais. Mas compartilhar momentos diferentes e divertidos em situações diversas, fora dos muros de casa… E isso inclui parceria, bom humor, criatividade e paciência, pois, assim como nós adultos, as crianças também tem o direito de gostar ou não gostar, de se adaptar ou não ao novo. Mas como saber suas preferências e reações se não tentarmos???

Uma reflexão dura, com autocrítica no limite do suportável, mas que sirva de lição para nós pais que achamos que necessidades básicas dos nossos filhos são apenas alimentação, saúde, vestimenta e educação formal… O lazer faz crescer e aprender!

7 comments

  1. Essa foi pra refletir mesmo Tati! Nunca é tarde pra consertar algumas coisas, não é mesmo?bjos

  2. Muito pertinente sua reflexão e bacana vocês pais asusmirem isso conscientemente. Uma coisa que venho pensando muito é sobre o SER e TER e de ter cuidade de proporcionar ao Pedro experiências importantes para a formação do SER dele e que não necessariamente dependam de TER algo como brinquedo, roupa, etc. Por isso venho buscando as atividades como peças de teatro e brincadeiras com vocês, ou no Dragão do Ma ou na praia.

    Aqui Pedro já viajou 3 vezes de avião e de vez em quando vai para o interior onde mora a família do pai dele. Ele tem contato com galinhas, animais de fazenda, etc.

    Invistam tempo nisso, vale a pena!

    Bjos

  3. To esperando vcs aquiiiiiiiiiiiii em OUTUBRO, se preparem hein???
    Out ou Nov ou Dez, ou Janeiro…venhaaaaaaaaam viu???!!! kkkkkkkkkkk
    bjsssssss

  4. uma reflexão dessas sis mostra o qto vc está bem…qts vezes quiz te dizer isso e nao tive como…
    mas td no seu tempo!os nossos filhos precisam viver eles mesmo suas experiências, é inevitável… e nós principalmente nós nao podemos parar de viver a nossas pra vivermos as deles…eh saudável eles perceberem que os pais se divertem, com e sem eles…até pq um dia eles vao viver suas vidas e o casal de antes voltara a viver momentos A2!

  5. Patrícia /

    Nossa Tatiana ! Esse post foi realmente para refletir, nunca tinha parado de fato para pensar em como o lazer fora de casa pode fazer tão bem e ser tão importante para o desenvolvimento dos pequenos =)

    PS: acompanho o seu site há 1 ano e cada dia que passa eu gosto mais dele =)
    É muito bom saber que você está melhor da depressão, oro e torço muito por você e sua família!!
    Abraços =*

  6. Vem prá Sampa ficar com a gente!
    Aqui vocês vão do 8 a 80…kkkk, teatros de monte, parques em toda esquina, etc…
    Brincadeiras à parte!

    Estive em Fortaleza em Janeiro e no mesmo lugar onde caminhei na minha lua-de-mel, pude levar a Alice para tomar um sorvete (calçadão de Iracema), se a turista paulistinha já foi, a conterrânea também tem que ir!
    rs

    beijos!

  7. Nossa Tati…falou tudo! Aqui em sampa tem tantas opções de lazer, e acabamos por ficar presos dentro de casa, seja pela correria, seja pelo custo, seja pela falta de segurança! Acho que nos falta mesmo um pouco de criatividade e foco naquilo que realmente é importante para nossas crianças. Estou num momento meio “deprê” também por conta de uma colocação profissional, mas poxa, estou curtindo minha pequena em casa e acho que deveria aproveitar mais isso!!! Seu post me fez refletir sobre esse assunto! Muiiiiiiiiito obrigada!!!

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